A ferramenta mais útil para identificar o motivo da alta taxa de rotatividade nas empresas é ignorada pela maioria dos líderes que não enxergam o valor estratégico da entrevista de desligamento. E com isso, raramente dispendem seu tempo em fazê-las e, quando feitas, não são analisadas e tratadas com a devida atenção. O que muitos gestores não sabem é que através dessa entrevista pode-se obter informações valiosas identificando quais os problemas existentes na organização e nas lideranças; ambiente e condições de trabalho; problemas relacionados com o RH; porque saíram e pra onde vão estes ex-funcionários.

Como se sabe, muitas pessoas se inibem na hora de manifestar suas frustrações com a empresa enquanto ainda estão trabalhando, assim como, há muitas lideranças que não são abertas a este diálogo. Por isso, este momento de saída do colaborador se torna uma ótima oportunidade para identificar esses gaps na gestão, já que os colaboradores estão mais abertos a relatar os problemas encontrados.

As poucas empresas que realizam esta prática e identificam seu valor, ainda correm o risco de cometer alguns equívocos:

• concentrar apenas no departamento de RH os resultados e não repassar aos gestores das empresas, aqueles que realmente podem agir estrategicamente para reverter o quadro existente;
• as ações, se realizadas, não são vistas e repassadas para a empresa como um todo, caracterizando-se como um processo obrigatório mas sem aplicação, o que dificulta o engajamento.

Então, como utilizar de forma correta esta ferramenta?

É importante estruturar um questionário focando nas experiências e nos sentimentos que o funcionário viveu no seu tempo de atuação na empresa, o que o fez procurar outra oportunidade, para onde está indo e quais as suas sugestões de melhoria para as situações apresentadas. Esta entrevista pode ser realizada pessoalmente ou por telefone, dependendo da habilidade do entrevistador e do local que está instalado o RH e organização. Vale ressaltar ainda a importância da imparcialidade deste entrevistador; ele não deve julgar ou procurar justificar as respostas apresentadas.

Importante ressaltar que não adianta realizar o processo de admissão e depois só conversar com o funcionário em sua entrevista de desligamento esperando obter estas respostas; ela deve fazer parte de todo um programa de retenção estruturado pela empresa. Devem existir conversas frequentes com os colaboradores a fim de identificar questões que podem ser resolvidas antes que se chegue ao desligamento efetivo.

Por Ana Carolina Ribeiro